Há alguns anos, quando ainda morava em Urussanga,
ao acompanhar seu marido em um tratamento médico na capital, Maria Eronita Rodrigues Bissolo, Dona Fofa, se sentiu totalmente desamparada, pois não conhecendo ninguém na cidade, foi obrigada a pernoitar diversas vezes em bancos da rodoviária.
Nessa ocasião, com a aposentadoria de seu marido, prometeu que iria se transferir definitivamente para Florianópolis, onde sua casa se tornaria um abrigo para todos aqueles que dela necessitassem. Não queria que mais pessoas passassem por tal dificuldade.
Iniciado seu projeto, Dona Fofa sofreu mais um revés; Vítima de um erro médico em cirurgia, perdeu totalmente a visão. Seu mundo, no entanto, continua colorido, pois é assim que sempre o viu... com os olhos do coração.
Esse percalço, porém, não a esmoreceu, pois continua sua luta, contabilizando, dia após dia, um número cada vez maior de pessoas que ampara.
Numa noite muita fria, em que chovia torrencialmente, com a casa repleta de mulheres que haviam lhe pedido socorro, Dona Fofa traçou sua meta de vida:
“Enquanto eu viver, ninguém falará ao meu ouvido que não tem onde dormir ou o que comer; baterei de porta-em-porta, sem me importar se gostam ou não. Faço minha humilde parte.
Os que abrem as janelas da vida para atender um outro ser, viverão orgulhosos de serem filhos de Deus.
Não acredito em esmolas, mas sim em caridade, pois ninguém é obrigado a ser mendigo e nem miserável de coração.
Luto pela mulher, a mãe das gerações. Quem não tem uma mãe, encontrará meus braços, meu teto, meus voluntários.”
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